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A Revolução que derrubou o Estado Novo

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A Revolução do 25 de Abril e o fim do Estado Novo marcaram um ponto de viragem na história de Portugal.

O regime caiu sem ter quase quem o defendesse. Os acontecimentos deste dia culminaram com a rendição de Marcello Caetano no Largo do Carmo.

 

Desde o dia 28 de maio de 1926 que Portugal vivia numa ditadura. Inicialmente uma ditadura militar que culminou na eleição de Óscar Carmona para Presidente em 1928. E mais tarde, em 1933 com a ditadura do Estado Novo em que António de Oliveira Salazar era chefe de Estado. O Estado Novo trouxe muita repressão e censura, mas um fator decisivo foi o descontentamento generalizado da população em relação ao regime e à guerra colonial.

Todos os dias os jovens eram forçados a partir para as colónias para combaterem e muitas vezes não regressavam. Em 1968 o então chefe de governo António de Oliveira Salazar sofreu algum tipo de queda que o deixou com lesões cerebrais.

Depois deste acontecimento, no mesmo ano Salazar foi substituído por Marcello Caetano. Este governou até ser deposto no golpe militar de 25 de abril 1974 e o seu governo ficou conhecido por “Primavera Marcelista”.

Em 1973 começaram a surgir as primeiras manifestações do povo contra a guerra, mas como era habitual, o regime do Estado Novo reprimiu toda e qualquer manifestação, ignorando a palavra do povo.

Em resposta a esta repressão, os militares aliaram-se com o povo e planearam um golpe de estado. Foi assim que surgiu o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto predominantemente por capitães que tinham lutado na guerra colonial, com o objetivo de derrubar o Estado Novo.

A primeira grande tentativa de derrubar o regime criado por Salazar foi no dia 16 de março de 1974, onde um grupo de militares abandona o regimento das Caldas da Rainha em direção a Lisboa. A cerca de 3 km da capital percebem que não terão apoio de outros regimentos e que estão sozinhos, os militares de Lamego, apesar de demonstrarem intenção em participar, acabam por não se juntar e o mesmo aconteceu com os militares de Santarém e de Mafra.

Apesar da tentativa de golpe de estado, esta fora abortada. Nas horas e dias seguintes, todos os envolvidos foram presos e Marcello Caetano chamou a esta tentativa de golpe de “irreflexão, talvez ingenuidade” poucas semanas antes da revolução dos cravos.

No aeroporto de Lisboa, militares barram os acessos para impedir a fuga de dirigentes do Estado Novo
No aeroporto de Lisboa, militares barram os acessos para impedir a fuga de dirigentes do Estado Novo

 

Viva o 25 de Abril – Viva a Liberdade – Viva Portugal

No dia 24 de abril às 22:55 é transmitida a canção “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa. Esta era uma das senhas previamente combinadas pelo MFA que iria desencadear a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado. O segundo sinal foi dado quando passavam 20 minutos da meia noite com a canção “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, transmitida pela Rádio Renascença, confirmando assim o golpe e marcando o início das operações.

Salgueiro Maia comandou as tropas vindas da Escola Prática de Cavalaria, que partiu de Santarém e tinha como missão ocupar o Terreiro do Paço. Apesar da revolução ser conhecida por ter sido pacífica, por várias vezes teve para não ser. Com a eminente queda do Estado Novo, o Terreiro do Paço encheu-se de civis que festejavam o fim da ditadura, mas uma fragata portuguesa recebeu a ordem do Estado-Maior da Armada para abrir fogo no local, disparando contra civis e militares.

Salgueiro Maia, no Largo do Carmo de megafone na mão, apela à rendição de Caetano.
Salgueiro Maia, no Largo do Carmo de megafone na mão, apela à rendição de Caetano.

Mas felizmente a ordem não foi cumprida. Com o passar do dia, Salgueiro Maia moveu parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontrava Marcello Caetano, que ao final do dia rendeu-se, exigindo que o poder fosse entregue ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o “poder não caísse na rua”.

Depois da rendição, Marcello Caetano parte rumo ao exílio no Brasil, com escala na Madeira. No fim do dia, várias pessoas cercaram a sede da PIDE exigindo o seu fim. No mesmo momento os agentes da PIDE dispararam contra a população sem discriminação. Morreram 4 pessoas, as únicas vítimas mortais da revolução de abril.

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In Jornalactivare Edição nº3


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3 comentários a “A Revolução que derrubou o Estado Novo”

  1. Avatar de Ana Pereira
    Ana Pereira

    Excelente artigo! É importante nunca esquecermos o que foi preciso para derrubar um regime autoritário e lutar pela democracia.

  2. Avatar de Miguel Ferreira
    Miguel Ferreira

    Acho que o artigo podia explorar mais o impacto económico pós-revolução. A mudança foi profunda, mas também trouxe desafios enormes para o país que mereciam mais atenção.

  3. Avatar de Tiago Gonçalves
    Tiago Gonçalves

    Excelente trabalho! É fundamental manter viva a memória histórica para que não se repitam os erros do passado. Artigos assim são um contributo valioso para a educação cívica.

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